domingo, 5 de maio de 2013

“OS AMIGOS” - Camilo Castelo Branco



“OS AMIGOS
Amigos cento e dez, e talvez mais,
Eu contei. Vaidades que eu sentia!
Supus
que sobre a terra não havia
Mais ditoso mortal entre os mortais.

Amigos cento e dez, tão serviçais,
Tão zelosos das leis da cortesia,
Que eu, farto de os ver, me escapulia
Às
suas curvaturas vertebrais.

Um dia adoeci profundamente.
Ceguei. Dos
cento e dez houve um somente

Que não desfez os laços quase rotos.

- Que vamos nós (diziam) fazer?
Se
ele está cego, não nos pode ver
Que cento e nove impávidos marotos!

Camilo Castelo Branco


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