quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Halfdan Rasmussen

Definhava a vida na pobreza.
Aferrolhado o sonho fazia-se pesadelo.
O pobre nada abraça
no mundo nada tem que possa chamar seu.

Deformado era o tempo pela violência e pela dor.
Cada dia uma máscara de lama e barro.
O cego perde-se e não pode ver.
Aquele que tem olhos é cegado pelo que vê.

Tudo em que tocávamos envilecia.
E nada era certo ou digno de confiança.
Matamos a nossa sede no suor uns dos outros
e damo-nos a comer privações e fome.

Só as crianças saúdam o novo dia
e estendem mãos inocentes.
Um dia esqueceremos a nossa derrota
e neles encontraremos confiança e paz.

Halfdan Rasmussen
(Trad. do dinamarquês por H. H. S. e Lima de Freitas)


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